sexta-feira, 8 de novembro de 2024

FLORES NA JANELA 2 - continuação

 FLORES NA JANELA (continuação )  


De madrugada, sem sono, sem fome, envolta em pensamentos diversos, rolando na cama, decidi me levantar. Fiquei andando pela casa, e depois me sentei no sofá da sala, relaxei, respirando. Fui até a janela para ver o dia ir clareando, até começar a ouvir barulhos de outros que também acordavam cedo. E percebi que Milton já estava molhando suas plantas, e talvez estivesse se preparando para começar seus exercícios ao ar livre. Que homem interessante! Essa disposição era tudo que eu queria ter. Mas não sabia como começar a mudar a preguiça crônica que alimentava há algum tempo. Enfim, calcei meu tênis, dei um jeito no cabelo, porque há tempos não me sentia vaidosa, e decidi ir até ele, tentar me aproximar. Minhas irmãs sempre diziam que eu não era proativa nos relacionamentos. Peguei algumas mudinhas de minhas flores na janela, lembrando de nosso encontro, rindo da minha ousadia, e saí. Iria oferecer um presente a quem estava de alguma forma me trazendo novas energias, eu pensava, toda empolgada 

  • -Bom dia, Milton! Vi você tão compenetrado no seu jardim, e resolvi te oferecer essas mudinhas. 

  • -Oi, Tylia, bom dia, que gentileza, obrigado! Vou cuidar delas direitinho. Como vai, também costuma acordar cedo? 

  • -Pois é, novidade na minha vida.  

  • -Eu te ofereceria um café, mas estou com certa pressa porque tenho um compromisso... 

Foi quando eu vi uma mulher que me pareceu jovem e bonita sair de sua casa dizendo que já estava indo e esperava por ele no carro.  

-Tudo bem, não se preocupe, só estava passando e... 

  • -Fico te devendo esse café, disse saindo apressado.

Cheguei em casa me sentindo péssima, uma idiota, e fui para o meu cantinho da tristeza, uma poltrona onde costumava me encolher, ficar chorando e me criticando, deixando que energias mal-intencionadas ao meu redor se alimentassem desse meu estado de espírito. Em geral, seguia com uma lista de exigências, mágoas e ressentimentos, terminando em culpa. Como não havia percebido a idiotice de levar flores para um homem que sequer conhecia direito? Que vergonha! 

Juracy abriu a porta da casa quando eu estava jogada nessa poltrona. Colocou as compras da padaria na mesa, e percebendo meu desânimo foi buscar água, me ofereceu um copo, pingando os florais que estavam na mesinha ali perto. Logo em seguida, Rita também entrou e ficou ali parada me olhando. Minhas irmãs tinham a chave de minha casa e vinham me ver sempre que podiam, porque ela era mais aconchegante, como elas diziam, e nós não podíamos ficar muito tempo longe umas das outras. Levantei-me e fui para a cozinha providenciar o café que acompanharia nossas guloseimas. O tema? Falaríamos sobre a vida e as expectativas loucas que construímos para sair das solidões. 

2 comentários:

  1. Querendo ver o seguimento dessa história 🥰

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  2. Esperando ansiosa e torcendo para que a mulher mais jovem seja apenas uma parente distante. 😉

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