sexta-feira, 22 de novembro de 2024

FLORES NA JANELA 4 (continuação)

 

                     FLORES NA JANELA 4


Com um olhar que eu chamaria de risonho, Milton me disse:

- Na minha idade não fico rodeando. Penso que o tempo deve ser bem aproveitado, você concorda? Trouxe o vinho, e imagino que tenha os cálices, o abridor... 

Depois de ficar alguns minutos meio perdida, sorri e saí para pegar o abridor e os cálices. Não tinha o hábito do vinho frequentemente, mas com minhas irmãs já tinha bebido, estava mais solta, e afinal uns golinhos a mais até que eu topava, por que não?  E claro, essa era uma grande oportunidade de mudança no tédio que andava minha vida, ao lado desse homem atraente que estava me convidando para isso. Ah, como eu andava querendo viver uma nova história! Dominei um pouco as minhas expectativas, peguei cálices, ajeitei o cabelo me olhando no espelho do corredor, e lá fui eu, com ares de adolescente para a sala. 

Milton serviu nossos copos e me senti tentada a colocar uma música para lidar com o meu constrangimento, mas ele pegou no meu braço sugerindo que nos sentássemos. A essa altura eu já estava começando a sentir o efeito do vinho, dei mais um grande gole e Milton começou a rir. E eu também ri, o que foi um grande começo para nosso encontro ali. Devagarinho, demos conta da garrafa, entre histórias interessantes e engraçadas que íamos contando sobre nossas vidas, até que em algum momento, eu já bem à vontade, lhe perguntei:

-Aquela mulher jovem e bonita ...

- Não sou casado, e ela não é o que você está pensando.

- Não... eu não ...desculpe, não tenho que me meter na sua vida, ai, me perdoe...

- Tylia, você não precisa se desculpar por querer saber onde está se metendo. Somos vizinhos, mas você não me conhece. É um sinal de cuidado consigo mesma. E pra falar a verdade, eu também quero saber de você, porque estou desejando chegar mais perto.

E foi se chegando, foi tocando em meu rosto, sempre me olhando, e... nós nos beijamos. Que beijo! Depois de tantos anos sozinha, sem me sentir atraída por ninguém, acreditando que acabara meu tempo de romance nessa vida, eu estava vibrando outra vez. A mulher em mim estava despertando, mas com uma calma deliciosa, que ele também parecia sentir. Com muita ternura, e sem nenhuma ansiedade, deixamos nosso desejo para um novo encontro, sem pressa, buscando o equilíbrio que a maturidade e o tempo certo trazem quando nos preparam para novas aventuras. 


   

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