SUPER PODERES?
Era um homem aparentemente comum. Ninguém suspeitaria de seus enormes poderes se ele não quisesse, porque sabia se fazer invisível. Havia nascido não mais evoluído espiritualmente do que a maioria da humanidade do planeta Terra, mas com seu equipamento psíquico bem desenvolvido. De idade madura, adquirira cultura invejável e uma consciência que ultrapassava, e muito, os conceitos lineares que dirigem os seres nessa vida. Andava só apenas se desejasse, porque para ele bastava apontar e realizar seus anseios.
Um de seus poderes era o magnetismo. Com intenções claras
apenas para si próprio, sabia como atrair e hipnotizar qualquer um, incluindo
animais, transmitindo seus desejos, para o bem ou para o mal. Era mestre em modificar a aparência a seu bel prazer, conforme
a situação exigisse. Também enxergava longe, e sua visão alcançava de forma ampla o momento
presente, o passado e o futuro de qualquer um. Suas mãos eram mágicas, e ao
tocar pessoas, curava desarmonias no corpo físico, e em outros corpos sutis,
que quase ninguém percebe. Além disso, lia pensamentos, transitava pelos mundos
paralelos colhendo informações de seu interesse, conversava com espíritos, e se
intrometia nos sonhos de quem escolhesse para injetar símbolos, também para o
bem ou para o mal.
Porém, seu coração se endureceu ao longo de tantas aventuras
poderosas. Não soube administrar o dom mais importante que ele e todos nós temos:
a capacidade de amar. Era orgulhoso e prepotente, lá no fundo achando-se melhor
e mais importante do que o restante dos seres mortais; a vaidade o deixava
ansioso por reconhecimento, buscando ter sempre a última palavra em qualquer
situação, ostentando a coroa do rei da verdade, mas com expressão de falsa
modéstia.
E o tédio começou a assaltá-lo constantemente. Sentia a falta de um sentido em
sua vida. Ataques de mau humor corroíam seu fígado e isso ele não sabia como curar. Sim, vez por outra ele se
entregava a depressões e ao pânico de
gente sincera, calorosa e afetiva. Passou a fugir de compromissos e confrontos
emocionais; e por último, mas não menos importante, começou a culpar os
outros e o destino pela sua solidão.
Levaria muito tempo para esse homem compreender
que estamos todos no mesmo barco... saboreando as questões dessa nossa humanidade.
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